“A sobrecarga de informações não está somente no que empurram para você através dos meios de divulgação, mas também naquilo que você decide absorver para si”
Essa é um artigo do autor Augusto dos Santos, tecnólogo em processos gerenciais e especialista em Marketing. Descubra mais sobre o autor aqui.
Já não é novidade que, nas últimas décadas, estamos sendo impactados diariamente com um turbilhão de informações por todos os lados. Desde outdoors, carros de som, propagandas de televisão, até pop-ups em sites e posts patrocinados em redes sociais.
A publicidade e a propaganda são os agentes principais na distribuição de informações que sobrecarregam o nosso cérebro. Muitas vezes, com conteúdo desnecessário para nosso desenvolvimento.
Mas não se iluda. A sobrecarga de informações não está somente no que a mídia “empurra” para você através dos meios de divulgação. Também está naquilo que VOCÊ decide absorver para si.
É isso mesmo! Muitas vezes você é o próprio agente responsável pelo desenvolvimento de sua Obesidade Mental.
Assim como a obesidade física, a obesidade mental traz malefícios para a saúde mental, que infelizmente, muitos de nós ignoramos cotidianamente. Imagine que, aquele seriado de televisão que você “consome” nas suas horas vagas, é equivalente ao chocolate que você comeu na sobremesa, por exemplo.
Assim como o chocolate, se consumido em excesso, isso pode lhe fazer mal. No entanto, diferente da obesidade física, é um mal não visível, no qual se exige uma atenção maior para detectá-lo e controlá-lo.
Essa obesidade nada mais é do que a absorção massiva de conteúdo e informação (não necessariamente supérflua) em uma escala em que seu cérebro não consegue reter o conhecimento de forma eficaz.
Eu mesmo passei por isso muitas vezes, e vou me apresentar como exemplo para que você compreenda um pouco melhor:
Sou fascinado por Empreendedorismo e Marketing Digital. São dois temas que, se eu não me policiar, passo o dia todo “engolindo” artigos e vídeos sobre o assunto. E, como em um piscar de olhos, o meu dia passa sem eu nem perceber.
Então eu penso: “Ah, tudo bem! Pelo menos eu passei o dia aprendendo bastante sobre o assunto, não tenho do que reclamar, certo?”
ERRADO!
Por mais que o conteúdo seja muito interessante e valoroso para mim, consumi-lo em excesso foi um erro. A justificativa para isso é simples: meu cérebro não absorveu o conhecimento de forma eficiente. Ou seja, eu não aprendi realmente com aquilo, não tive tempo para processar o conteúdo. E o pior, não pratiquei o conhecimento.
Este é um problema bastante comum de todos que param para estudar alguma matéria específica, mas ficam somente na leitura, e esquecem de realizar os exercícios para fixar o aprendizado.
Assistir muitos filmes cotidianamente; fazer maratonas de séries americanas toda a semana; passar quase o dia todo jogando videogame; ficar praticamente 24 horas por dia nas redes sociais. Esses e outros meios de distração no mundo informatizado que temos hoje em dia são armadilhas fatais para desalinhar o processo de produtividade do seu cérebro.
Não me entenda mal. Eu não estou dizendo para abandonar seu Netflix, vender seu console de videogame e desativar sua conta do Facebook.
NADA DISSO. Seu cérebro precisa de descanso e de recompensas para os momentos de folga. O que você não deve fazer é transformar estes entretenimentos em principais atividades do seu dia a dia. Evite tornar o seu momento de lazer em um vício incontrolável.
Meça a dosagem certa para cada atividade, dedique um fim de semana para os filmes; assista somente um ou dois episódios por dia; programe uma hora do seu dia para jogar o seu jogo favorito; deixe um pouco de lado as redes sociais, as notificações não têm para onde correr, você pode ficar tranquilo.
Sabe quando você entra em um blog super interessante, cheio de assuntos fantásticos e dicas incríveis sobre sua área de atuação? Você lê um artigo e logo encontra um link externo no terceiro parágrafo… e outro link… e mais um. Onde foi que paramos mesmo? Ah sim, tem uma vídeo-aula bem interessante para ver também…
Quando você se dá conta, existem diversas abas em seu navegador, lidas pela metade, com três vídeo-aulas abertas, e você aí, sem tempo de terminar de ler isso tudo, e ainda por cima, sabendo menos ainda de tudo isso.
A gula por conhecimento é como uma bola de neve que aumenta sem controle. Você vai acumulando um pouco de um texto daqui, um trecho de uma frase dali, cria aquela enorme bola de conhecimento excessivo. E, quando a gigante bola de neve encontra um obstáculo e finaliza o seu trajeto, toda aquela informação é dissipada sem a menor firmeza no aprendizado.
Assim como no entretenimento, o seu aprendizado profissional deve ser regrado. O excesso de informações faz com que nada entre em sua cabeça direito, e todo o esforço aplicado para o aprendizado terá sido em vão. Além disso, não é todo conhecimento que é válido, fique atento.
A falta de exercício também afeta nosso intelecto. Assim como praticar exercícios regulares nos ajuda a manter o corpo em forma, o mesmo não seria diferente com nossas mentes. O sedentarismo intelectual está mais presente em nosso cotidiano do que você imagina.
Para detectá-lo é muito simples, basta relacionar exercícios físicos aos exercícios e atividades que costumamos fazer em sala de aula. Com toda certeza, aqueles que fazem exercícios e atividades escolares regularmente terão mais facilidade em uma disciplina do que aqueles que pararam de estudar a muito tempo atrás e sequer conseguem responder à uma questão sem auxílio.
É por este motivo que, evitar a gula por conhecimento é importante, para que você tenha tempo de praticar aquilo que você absorveu, para que o conhecimento fique bem definido em sua mente e se torne, de fato, um aprendizado.
Pratique regularmente: respondendo questões sobre o que você está estudando, fazendo resenha dos livros que você leu, escrevendo uma redação ou um artigo sobre pesquisas que você realizou na internet, iniciando um debate com amigos para ter uma outra perspectiva do seu aprendizado.
Neste ponto, já é possível ver com clareza os malefícios que um “intelecto obeso” pode trazer para o seu aprendizado e para sua produtividade. No que tange o processo criativo, a dificuldade na criação de ideias inovadoras, nada mais é do que uma consequência da falta de prática ao combate da obesidade mental.
Uma das características mais marcantes das ideias inovadoras e de maior sucesso dos últimos tempos é a simplicidade. Creio que você possa ter se deparado com uma pessoa que obteve sucesso através de seu empreendimento com uma ideia tão simples, que você para e se pergunta: Como ninguém tinha pensado nisso antes?
Talvez, a resposta para esta pergunta seja ao analisarmos a Obesidade Mental. Não há nenhuma pesquisa ao certo que apresente números de quantas pessoas são vítimas da obesidade mental, mas é possível perceber que ela pode estar presente em todos os lugares.
Levando isto em consideração, faz sentido ninguém ter pensado naquela ideia inovadora antes, afinal, a maioria da população estava tão sobrecarregada de informações volumosas e complexas que não havia espaço para enxergar um problema simples, que estava presente na sociedade sem uma solução prática e eficaz.
Reduzir o volume de informações que você recebe no seu dia-a-dia é o segredo para melhorar sua criatividade. Procure relaxar um pouco mais, observar melhor as coisas ao seu redor, e não ficar preso a um cotidiano que lhe sobrecarregue de conteúdo prejudicial à sua saúde mental.
E, para finalizar, gostaria de alertá-lo sobre os falsos emagrecedores milagrosos os quais você pode se deparar em sua jornada contra a obesidade mental. Como se não bastasse, até para a Obesidade Mental existem os “remédios” e “dietas” que prometem fazer milagres em pouco tempo.
Aqui me refiro a diversos serviços, produtos, e até conteúdo gratuito na internet que você deve ficar com o pé atrás antes de levar a sério ou investir seu dinheiro. É possível que você encontre cursos online, programas ou aplicativos para celular que prometam: trabalhar a prática de atividades intelectuais com eficiência ou auxiliá-lo no controle e programação de seus estudos.
Tome cuidado. Por mais que parte destes itens possam te ajudar de alguma forma a trabalhar o seu intelecto, não dependa só deles para desenvolver-se. Procure utilizá-los para auxiliá-lo em seu aprendizado.
Outro fato curioso é sobre o próprio tema Obesidade Mental, onde ao pesquisá-lo na internet, você poderá se deparar com um texto escrito por um suposto professor chamado Andrew Oitke, cujo o livro jamais foi encontrado.
O interessante é como o texto, por mais que careça de fontes e de credibilidade, desperta reflexões e debates sobre como a teórica Obesidade Mental pode estar presente em diversos problemas da sociedade moderna.
Sobre o autor
Augusto dos Santos é Tecnólogo em Processos Gerenciais, Assistente Administrativo em Marketing e um dos primeiros brasileiros a ser nomeado Embaixador Global de Marca do beBee Inc.
Interessado por empreendedorismo, inovação, marketing, novas tecnologias, jogos eletrônicos e cultura alternativa, sempre busca apresentar conteúdos construtivos sobre comportamento, vida laboral, desenvolvimento pessoal e atitudes inovadoras.
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