Hal Varian, economista chefe do Google e professor da UC Berkeley é famoso, além de seus livros de microeconomia, por ter dito: “a profissão mais sexy nos próximos 10 anos será a de estatístico. As pessoas acham que eu estou brincando, mas quem iria imaginar que engenheira de computação seria o trabalho sexy dos anos 90?”
Cientistas de dados são um híbrido de hacker de dados, analista, comunicador e conselheiro confiável
Em 2008, a revista Harvard Business Review cunhou o termo “cientista de dados”, se referindo ao profissional extremamente capacitado, que é capaz de trabalhar com diversos processos e sistemas e realizar descobertas no mundo do “Big Data” (termo que descreve o imenso volume de dados – estruturados e não estruturados – que impactam os negócios no dia a dia). Atualmente, a ciência de dados já é uma categoria chave nas maiores organizações do mundo.
Porém, toda vez que converso com alguma pessoa (no Brasil) sobre o assunto, o qual envolve bastante programação, além de muita análise estatística, recebo como resposta “isso é coisa de TI”. Enquanto que, nos EUA e Canadá, os cientistas de dados já são alguns dos profissionais mais bem remunerados no mercado, ganhando salários anuais de US$ 150k, aqui no Brasil, são poucas as empresas que realmente se preocupam em desenvolver ferramentas eficientes e analisar os dados (quando estes sequer existem, o que é raridade).
A visão brasileira ainda é muito limitada. Acham que um funcionário de TI deve programar as ferramentas para que outras pessoas as utilizem. Não conseguem compreender a importância desse novo perfil ou, os que conseguem, têm medo de inovar e estar numa vanguarda no país.
A ideia do cientista de dados é que este é um profissional com fortes competências em programação, além de estatística, matemática, marketing, entre outras áreas. Ele têm habilidades universais para desenvolver seus programas, assim como empregá-los para, junto com os dados, elaborar preciosos insights para as empresas.
A escassez de cientistas de dados já está gerando gargalos em diversos setores nos EUA e Canadá. E essa escassez tem uma justificativa: ainda não existem cursos universitários que realizem programas e diplomas para a profissão. Eles são, em grande parte, autodidatas, ou realizam os chamados “bootcamps”, cursos profissionalizantes intensivos nos quais os estudantes ficam, geralmente por 3 a 4 meses, focados até 60 horas semanais nos estudos e em atividades práticas com empresas parceiras.
Contudo, cientistas de dados atualmente já são equivalentes ao que o pessoal de finanças era em Wall Street nas décadas de 80 e 90. O “Big Data” não demostra sinais de desaceleração. Se as empresas deixarem de se atualizar correm o risco de ficar para trás dos concorrentes e deixar de ganhar vantagens inexpugnáveis.
Portanto, pense no cientista de dados como sendo um híbrido de hacker de dados, analista, comunicador e conselheiro confiável. A combinação é extremamente poderosa e rara.
Gostou do assunto e quer saber mais? Recomendo o livro: Data Science para Negócios (de: Foster Provost)